História
da Cerveja
Veja que muito do que se faz
hoje, até mesmo os excessos
de bebida, datam de muitos anos
atrás!
Você já imaginou
um mundo sem cerveja? Não
seriam só suas happy
hours que estariam comprometidas.
Vários cientistas acreditam
que a civilização
poderia simplesmente não
existir se o homem não
tivesse inventado o pão...
e a cerveja. Foi a descoberta
da fermentação
dos cereais – processo
básico da fabricação
desses dois alimentos –
que incentivou o homem a abandonar
a vida nômade de caçador
e coletor e se reunir em comunidades
agrícolas. Pela primeira
vez, era possível comer
e beber com prazer, já
que o processo de fermentação
era capaz de mascarar alguns
sabores desagradáveis.
Há 12 mil anos, isso
foi um avanço e tanto.
As evidências arqueológicas
mais antigas da bebida são
de 6 mil anos antes de Cristo
e foram encontradas na Mesopotâmia
(região onde hoje é
o Iraque). Mas é possível
que a primeira loirinha tenha
sido fabricada bem antes disso,
por algum povo antigo da Ásia.
Rica em carboidratos e proteínas,
ela foi um complemento alimentar
importante e uma ótima
substituta para a água,
cuja pureza não era lá
essas coisas naquela época.
Grossas e corpulentas, as cervejas
pioneiras não se pareciam
em nada com o chope que você
bebe hoje. Já as razões
pelas quais uma mesa de bar
parece irresistível numa
sexta-feira depois do expediente
não mudaram tanto assim.
Primeiros
goles
Afinal, quem veio primeiro:
o pão ou a cerveja? Intrigado
com a questão, o químico
inglês Ian Hornsey, da
Sociedade Real de Química,
leu, pesquisou e ouviu historiadores,
antropólogos, arqueólogos,
químicos e cientistas
em geral e escreveu A History
of Beer and Brewing ("Uma
História da Cerveja e
da Fermentação",
sem tradução em
português), um calhamaço
de 700 páginas que investiga
a fabricação da
bebida desde os seus primórdios.
Não há consenso
sobre as verdadeiras origens
da birra, mas Hornsey constatou
a existência de um raciocínio
comum entre os estudiosos: a
cerveja não foi inventada
pelo homem, mas descoberta por
acaso.
Tudo teria começado com
alguns grãos de cevada
expostos à umidade, que
fermentaram naturalmente em
contato com o ar. Algum homem
encontrou esse líquido
e, bravamente, resolveu prová-lo.
Claro que ele gostou daquela
poção primitiva
e se encarregou de recriar o
processo. Pronto. A humanidade
estava apresentada à
bebida mais democrática
dos últimos 8 mil anos.
Esse feliz acidente etílico
teria acontecido com um habitante
do Oriente Médio, não
por acaso o berço da
nossa civilização.
As pesquisas de Hornsey mostraram
que a tecnologia de fabricação
da cerveja teria explodido no
antigo Egito, já na era
da Pré-dinastia, entre
5500 e 3100 a.C., mas mesmo
sobre esse fato há um
bocado de controvérsia.
As teorias desencontradas têm
uma explicação:
é muito provável
que a loirinha não tenha
sido uma invenção
isolada. Alguns arqueólogos
conseguiram provar que ela surgiu
espontaneamente por todo o planeta,
inclusive em civilizações
ocidentais que viveram isoladas
até o século 15.
O que parece ter sido um denominador
comum, em todas as sociedades,
é a função
social do ato de beber. "A
falta de realidade causada pela
embriaguez deve ter sido profundamente
bem-vinda num mundo sombrio
e entediante", escreve
Hornsey. Alguma semelhança
com suas motivações
para um copo de cerveja?
Nos primórdios, a palavra
cerveja englobava toda bebida
fermentada originada de algum
grão, e cada região
preparava a bebida de forma
distinta. Na África,
todas as tribos têm a
sua bebida alcoólica
tradicional, feita do cereal
predominante na região.
Na América do Sul, os
índios da Amazônia
usavam a mandioca, e os incas,
o milho – que ainda hoje
é usado para preparar
a chicha boliviana. Japoneses,
chineses e russos fermentavam
bebidas de arroz, trigo e centeio,
respectivamente. No restante
da Ásia, o sorgo (uma
planta também conhecida
como milho-zaburra) era o preferido.
Até a invenção
dos destilados, no século
14, a outra opção
de bebida alcoólica era
o vinho, considerado um líquido
nobre por gregos e romanos.
Para esses povos, era quase
absurdo o fato de que até
os faraós do Egito apreciavam
aquela bebida grossa e turva
produzida com a mistura de cevada
e água. Mas felizmente
os preconceitos desses dois
povos foram ignorados no Oriente
Médio e a tradição
se espalhou. Diferentemente
do vinho, a cerveja era uma
bebida democrática e
agradava reis e escravos. Ela
era oferecida aos deuses em
festas religiosas, receitada
como remédio e usada
como salário para operários.
Se a bebida não era exatamente
a mesma de hoje, o comportamento
social dos bebedores não
mudou tanto assim. Há
4 600 anos, o ministro egípcio
Kagmeni se viu obrigado a bolar
a primeira campanha de consumo
consciente. "Um copo de
água sacia a sede"
era um dos slogans que tentavam
doutrinar os boêmios adeptos
dos copos. Constantemente bêbados,
celtas, vikings e saxões
eram capazes de brigar com os
próprios companheiros
depois de vencerem uma guerra.
Abençoada
por Deus
No continente europeu, onde
hoje vivem os maiores consumidores
mundiais de cerveja, a bebida
progrediu e mudou a história
da humanidade. No mundo medieval
ela era tão preciosa
que valia até como pagamento
do dízimo na Igreja e
dos impostos.
Como a produção
era simples – bastavam
um suprimento de água
e cereais, um esmagador de grãos,
uma vasilha, fogo com combustível
para aquecer a água e
recipientes para armazenar –
a cerveja era normalmente produzida
em casa. E sem condições
de conservá-la por muito
tempo, a produção
servia apenas para consumo imediato.
Na primeira metade da Idade
Média, entre os anos
500 e 1000 da era cristã,
a produção foi
centralizada em monastérios
e conventos, que costumavam
oferecer pousada e refeições
para os viajantes. Santa decisão.
Com tempo para aprimorar a produção,
os religiosos revelaram-se excelentes
e abnegados mestres cervejeiros.
Nessa época nasceu a
cervejaria mais antiga do mundo
ainda em atividade, montada
em 1040 no mosteiro Weihenstephan,
na cidade alemã de Freisig.
Naquele tempo, era comum a adição
de ervas e raízes como
gengibre, sálvia e louro
para aromatizar a cerveja. Foram
os monges em suas experiências
que aperfeiçoaram a bebida,
introduzindo o lúpulo
no processo de fabricação
a partir do século 9.
Simultaneamente, ele passou
a ser utilizado na Alemanha,
na Suíça e na
Inglaterra. Essa folha conferiu
à bebida um sabor amargo
e, o melhor de tudo, tornou-a
mais resistente à passagem
do tempo, abrindo melhores possibilidades
de armazenagem e transporte.
A bebida
doméstica
Um dos marcos da padronização
da produção da
cerveja é o Reinheitsgebot,
o código de pureza promulgado
pelo duque Guilherme IV da Bavária
em 23 de abril de 1516. A lei
proibiu o uso de qualquer cereal,
erva ou tempero que não
fossem malte de cevada, lúpulo
e água no preparo de
cervejas. A proibição,
no entanto, só valia
para as cervejarias comerciais
da época. "O duque
e seus companheiros estavam
livres para usar o que eles
quisessem", diz Hornsey.
De qualquer forma, a lei da
Bavária pegou e foi aplicada
em todo o território
alemão depois da unificação
do país, no século
19. Atualmente, ela vale como
regra para a maioria das fábricas
européias que buscam
um produto de qualidade internacional
(a exceção são
as cervejas de alta fermentação,
tradicionais na Alemanha, que
utilizam o malte de trigo).
O maior mérito do Reinheitsgebot
foi combater a falsificação
da bebida, que se tornara uma
praga na Europa no século
15. Em 1492, o rei inglês
Henrique VII criou uma carta
de recomendação
para os fabricantes honestos,
que facilitava a exportação
do produto para outros países.
Na mesma época, e discretamente,
os cervejeiros começaram
a incentivar o consumo da bebida
fora dos bares. Como na época
ainda não haviam sido
inventadas as eficientes campanhas
publicitárias com muitas
mulheres em poucas roupas exibindo
seus atributos em outdoors e
propagandas de TV, a criação
da cerveja engarrafada foi uma
mão na roda.
Não se sabe ao certo
quem teve a idéia, mas
os diários de Alexander
Nowell, sacerdote-chefe da Catedral
de São Paulo, em Londres,
de 1560 a 1602, já mencionam
a existência da cerveja
em garrafas de vidro. Antes
disso, os recipientes eram barris
de carvalho ou vasilhames de
couro. Nowell descobriu, em
1602, que a bebida durava mais
se as garrafas estivessem lacradas
com rolhas de cortiça.
O novo formato permitia que
a cerveja fosse levada para
casa, mas foi apenas em 1882
que os fabricantes notaram que
a loirinha azedava nas garrafas
claras e adotaram o vidro escuro,
que impede a passagem da luz
e garante a integridade do produto
por mais tempo.
Mas e as cervejas modernas vendidas
em garrafas transparentes? O
jornalista austríaco
Conrad Seidl, autor de O Catecismo
da Cerveja, conta que hoje se
adiciona óxido de magnésio
ao lúpulo para proteger
a cerveja dos raios ultravioleta.
A substância não
altera o gosto e o vidro claro
permite que o potencial bebedor
admire o tantas vezes irresistível
amarelo da bebida. "As
garrafas transparentes são
mais um golpe de marketing,
não influenciando em
nada o gosto da bebida",
afirma Seidl.
Quando a revolução
industrial tomou o mundo no
século 19, diversos países
já tinham as suas próprias
cervejas típicas. A Alemanha
era o lar das claras Dortmunder
(amarga e picante) e Weissbier
(leve e ácida) e das
escuras München (leve e
picante), Bock (forte e encorpada)
e Malzbier (doce). Os checos
inventaram a Pilsen (leve e
encorpada). Na Inglaterra, os
súditos bebiam a clara
Ale (frutada) e as escuras Stout
(doce e amarga) e Porter (doce
e forte). Mas o pontapé
inicial para a fabricação
em grande escala veio dos Estados
Unidos, que há 300 anos
desenvolviam sua indústria
nacional. A refrigeração
(1860), a pasteurização
(1876), a tampinha de metal
(1892) e o aperfeiçoamento
da filtragem popularizaram a
cerveja engarrafada, que agora
podia ser produzida e vendida
em grandes quantidades.
Para abalar de vez os hábitos
dos consumidores, a fábrica
americana Kreger, de Newark,
lançou a primeira cerveja
em lata de estanho que, no lugar
do lacre – inventado em
1965 – tinha uma tampinha
de metal igual à das
garrafas de vidro. A latinha
de alumínio foi adotada
pela também americana
Coors em 1959 e demorou mais
30 anos para aparecer no Brasil.
A novidade mais recente, cervejas
em garrafas plásticas,
aportou nos supermercados daqui
nos anos 90, mas ainda não
caiu no gosto dos bebedores.
Gelada
nos trópicos
Apesar de nós, brasileiros,
nos considerarmos com freqüência
amantes incomparáveis
de cerveja, a tradição
não reforça esse
mito. O Brasil entra tarde na
história da bebida mais
popular do mundo. Apesar de
os colonizadores holandeses
terem trazido a bebida em 1634,
via Companhia das Índias
Ocidentais, nenhuma cervejaria
foi instalada em solo nacional.
"Com a saída dos
holandeses em 1654, a cerveja
deixou o país por um
século e meio e só
reapareceu no fim do século
18", escreveu Sergio de
Paula Santos em Os Primórdios
da Cerveja no Brasil. Dá
para acreditar que nós
fomos capazes de viver sem a
bebida por 150 anos?
Antes da chegada da família
real, em 1808, os portos brasileiros
estavam fechados aos navios
estrangeiros. Mas isso não
significa que os portugueses
estavam privados da bebida.
A pouca cerveja que aparecia
por aqui era contrabandeada.
Com as importações
liberadas, houve períodos
de predominância dos barris
ingleses e das garrafas alemãs.
Embora não seja possível
precisar uma data, registros
mostram que imigrantes alemães
do Rio Grande do Sul fabricavam
a própria cerveja por
volta de 1820.
O fato é que nossos avós
e bisavós gostaram da
bebida e passaram o costume
para as gerações
seguintes. Hoje, cada brasileiro
consome cerca de 50 litros de
cerveja "estupidamente
gelada" por ano.
A birra em temperatura próxima
a zero grau, motivo de orgulho
em tantos botequins, é
provavelmente a única
contribuição genuinamente
tupini-quim para a história
da cerveja – e nem é
reconhecida como um avanço.
Se você sentar em um "biergarten"
de Munique ou num pub de Londres,
vai receber um copo com temperatura
entre 10 ºC ou 15 ºC,
faixa em que a maioria das cervejas
revela o seu sabor. Para o calor
tropical, essa é uma
temperatura impensável,
o que acabou originando o mito
de que europeus são fãs
de cerveja morna. Verdade ou
não, fato é que
criticar a cerveja alheia tem
sido um ato recorrente na história.
E um ótimo jeito de iniciar
as conversas numa mesa de bar.
O nome
da loira
No Brasil, a palavra chope vem
da expressão "ein
Schoppenbier", que era
como os alemães pediam
um quartilho (copo de 0,6655
litro) tirado do barril. A cerveja
segue o mesmo processo de produção,
mas a versão em garrafas
e latas é pasteurizada
para durar mais.
Ressaca
faraônica
Beber até cair era mais
que um prazer pessoal para os
antigos egípcios. Todos
os anos, era realizado o festival
para a deusa Tefnuf, regado
a muita comida, música
e cerveja. Pinturas de um túmulo
de 4 mil anos encontrado em
Beni-Hasan mostram dois homens
completamente bêbados
sendo carregados de um banquete
e mulheres vomitando depois
de uma ressaca brava. Entre
os egípcios, sair de
uma festa caminhando com as
próprias pernas era visto
como maus modos, sinal de que
o convidado não se divertira
o suficiente.
Barriga
de chope não!
Os celtas foram os grandes fabricantes
e consumidores de cerveja da
Europa no primeiro milênio
antes de Cristo. Mas o consumo
de cerveja tinha limite. Avessos
à obesidade, tentavam
não ficar barrigudos
demais. Por isso, criaram uma
multa para quem excedesse o
tamanho padrão de um
cinto.
Se beber,
não dirija
O uso de veículos com
tração animal
e o consumo de álcool
caminharam lado a lado a partir
da metade do quarto milênio
antes de Cristo. Para o arqueólogo
inglês Andrew Sherrat,
assim começou a história
de uma das piores dobradinhas
da elite ocidental: carros e
bebidas. Nessa época,
o arado – usado no cultivo
de cereais e, logo, na produção
de cerveja – e as carroças
puxadas por cavalos chegaram
à Europa. E, não
muito diferente de hoje, apenas
alguns privilegiados tinham
acesso às duas tecnologias.
Porre sagrado
No século 7 da era cristã,
a farra alcoólica transcendeu
às tavernas e tornou-se
um constrangimento na Igreja
inglesa. Bispos e monges ganharam
a má reputação
de bêbados ou glutões.
Os porres eram tão comuns
que alguns chegavam a vomitar
a hóstia durante a Eucaristia.
As autoridades religiosas criaram
então leis de conduta,
punindo os clérigos que
passassem da conta. Um monge
levava 60 dias de penitência.
Já um bispo podia ser
punido com 80 dias de suspensão
e até mesmo com a expulsão.
Barrica
cheia
No século 16, a Inglaterra
criou uma das punições
mais inusitadas para acabar
com os bebuns. O bêbado
era colocado em um barril com
buracos para cabeça,
braços e pernas e exposto
em praça pública.
Em geral, o sujeito estava tão
embriagado que dependia da boa
vontade alheia para se soltar.
Toque feminino
A fabricação da
cerveja é uma atividade
ligada historicamente às
mulheres. No antigo Egito, elas
produziam a bebida e vendiam
nas próprias tavernas
para trabalhadores e estudantes.
Entre os sumérios, a
cervejaria era a única
profissão zelada por
uma divindade feminina, a deusa
Ninkasi. Mas o hábito
mais curioso vem do Japão.
O arroz usado no saquê
– considerado a cerveja
japonesa – só podia
ser mastigado por mulheres virgens.
A técnica durou até
o início do século
20, em Okinawa.
Cervejaria
em alto-mar
Em 1944, os britânicos
decidiram construir um navio-cervejaria,
capaz de fabricar 250 barris
por semana e saciar a sede dos
soldados que combatiam na Segunda
Guerra Mundial. Os navios Menestheus
e Agamemnon foram enviados ao
Canadá para as adaptações.
Para azar dos militares, o primeiro
deles só ficou pronto
após o fim da guerra.
Cervejas
em guerra
A cervejaria de Zittau, na Alemanha,
tinha uma caldeira capaz de
produzir 7 hectolitros de cerveja
– uma quantidade impressionante
para a época –
e exportava para cidades vizinhas.
Os habitantes de Görlitz
ficaram furiosos com a importação
da cerveja rival. Em 1491, a
turma de Görlitz atacou
e destruiu uma carroça
com cerveja de Zittau. Para
acalmar os ânimos, o governo
local instituiu um imposto para
a bebida concorrente.
Vai pagar quanto?
Para desestimular o consumo
de álcool, a Noruega
tem algumas das bebidas mais
caras da Europa. Neste ano,
uma guerra no comércio
derrubou o preço de uma
garrafa. O governo agiu rápido
e avisou que vender bebidas
abaixo do custo é ilegal.
A farra durou poucos dias, mas
foi o suficiente para os noruegueses
encherem as adegas.
Existe muita controvérsia
sobre a data de criação
das primeiras cervejarias medievais,
sobretudo se levarmos em conta
aquelas instaladas em mosteiros.
Os registros não são
confiáveis e o ano de
fundação dos mosteiros
se confunde com o início
da produção da
bebida. A única coisa
certa é que as pioneiras
estão na Alemanha. Entre
um gole e outro, os sócios
da confraria alemã Biersekte
cravaram a seguinte lista das
cervejarias mais antigas ainda
em atividade.
Na livraria:
A History of Beer and Brewing
- Ian S. Hornsey, RSC Paperbacks,
Reino Unido, 2003
O Catecismo da Cerveja - Conrad
Seidl, Senac, 2003
Os Primórdios da Cerveja
no Brasil - Sergio de Paula
Santos, Ateliê Editorial,
2003
Na internet:
www.beerhunter.com - Site
do caçador de cervejas
inglês Michael Jackson
Fonte: Revista Super-Interessante